Com quase 2000m de altitude, a Serra da Estrela é a Serra mais alta de Portugal continental. Com a sua imponente e espectacular paisagem rochosa, está profundamente marcada com as cicatrizes deixadas pelos glaciares de outrora. Para além disso, alberga habitats específicos de montanha bem como inúmeras espécies endémicas de plantas e animais, algumas delas, não existindo em nenhum outro local do Mundo.
A Serra da Estrela é o espaço natural de excelência para os amantes da natureza.
Devido à sua altitude, o isolamento geográfico permitiu que determinadas espécies de animais e plantas tivessem aqui evoluído separadamente de outras populações, desta forma, criando espécies distintas e específicas deste território.
Nas zonas mais altas da Estrela, é possível encontrar e observar, com tranquila facilidade, o ex-libris dos répteis da Serra, a Lagartixa-da-montanha (Iberolacerta monticola), um endemismo exclusivo.
Também podemos observar insectos singulares, que só aqui ocorrem. O Monotropus lusitanica, o Iberodorcadion brannani, o Zabrus estrellanus e o Ctenodecticus lusitanicus são os principais. Outras espécies encontram na Serra da Estrela a sua área de distribuição exclusiva em Portugal. Tal é o caso das libélulas Aeshna juncea e Sympetrum flaveolum e da borboleta Satyrium actaea.
Do grupo das aves existentes e que podemos observar no Parque Natural da Serra da Estrela, algumas delas encontram nesta montanha o seu habitat preferencial a nível nacional. De uma lista de cerca de 100 espécies residentes, podemos destacar as seguintes:
Melro-das-rochas (Monticola saxatilis), Sombria (Emberiza hortulana), Cia (Emberiza cia), Tartaranhão-caçador (Circus pygargus), Falcão-peregrino (Falco peregrinus), Chasco-cinzento (Oenanthe oenanthe), Petinha-dos-campos (Anthus campestris), Águia-cobreira (Circaetus gallicus), Águia-calçada (Hieraeetus pennatus), Andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris), Melro-de-água (Cinclus cinclus), Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicuros phoenicuros), a Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax).
Uma grande variedade de plantas e flores emprestam o seu colorido aos caminhos e encostas da Serra. À semelhança dos animais, alguns elementos da botânica apenas sobrevivem neste território montanhoso. O patamar mais elevado da Estrela apresenta características pseudo-alpinas e, por isso, a vegetação é maioritariamente constituída por plantas de porte arbustivo e rasteiro. Tal é o caso do zimbro-alpino (Juniperus alpina) e das gramíneas Festuca henriquesii e Cervum (Nardus stricta), plantas adaptadas ao clima adverso do Inverno e à cobertura regular de neve. Das espécies mais raras, que florescem apenas durante os meses de Verão, destacam-se a Campanulla herminii, uma bela flor azul que está associada aos pastos de altitude (cervunais), a Silene ciliata, a Silene acutifolia, o cardo Eryngium duriae e as exclusivas Silene foetida subsp. foetida, a Armeria sampaioi e o Senecio pyrenaicus subsp. caespitosus, que florescem durante os meses de Verão. Mas já a meio do Inverno e no início da Primavera podemos ver várias espécies de narcisos (alguns endemismo ibéricos) e a característica Fritilaria nervosa. Nas zonas mais húmidas, ainda podemos encontrar a minúscula Orvalhinha (Drosera rotundifolia) uma planta carnívora. Entre muitas outras.