A área rewilding do Ermo das Águias situa-se no Grande Vale do Côa, num sector intermédio do seu curso e ocupando a margem esquerda, numa paisagem dominada pelo granito que se evidencia em extensos afloramentos rochosos. Uma área com 600 hectares, situada nas proximidades da aldeia de Vale de Madeira (Pinhel). Com um passado de intenso uso do solo, com o cultivo de cereais e olival, a par com o pastoreio, esta paisagem foi igualmente alvo de consecutivas passagens do fogo. Apenas extensas manchas de sobreiro se foram mantendo pela importância económica da cortiça e pela sua resistência ao fogo. Nas últimas décadas tem-se verificado um gradual abandono destas terras e, actualmente, a paisagem encontra-se dominada pelo giestal (Cytisus multiflorus). Nas vertentes inclinadas, de pouco interesse agrícola ou pastoril, o coberto arbóreo autóctone tem vindo a recuperar e a reocupar terrenos que já tinham ocupado no passado. É o caso do Carvalho-negral (Quercus pyrenaica), que forma bosquetes nas vertentes orientadas a Norte. Nas vertentes de exposição Sul, sobretudo nos pontos mais elevados encontramos alguns sobreiros (Quercus suber). E, nos vales abertos, mais abrigados, vêem-se as azinheiras (Quercus rotundifolia), espécie tipicamente mediterrânica.

Nos últimos anos, uma gestão da propriedade apoiada em conceitos inovadores, induzidos pela filosofia rewilding, tem evidenciado resultados interessantes na vegetação local, que se reflectem na própria fauna. A introdução de uma pequena manada de cavalos Sorraia e a abertura manual, pontual, de clareiras no giestal, tem favorecido o surgimento e a dispersão de uma maior diversidade de plantas. A circulação dos cavalos pelo giestal tem reduzido o adensamento arbustivo com benefícios para as espécies mais pequenas, quer da flora, quer da fauna. Consequentemente, reduzem o risco de incêndios de grande intensidade e mais destrutivos, que poderiam afectar irreversivelmente o coberto arbóreo. A presença permanente dos cavalos provoca um regular aporte de matéria orgânica no solo, recuperando a fertilidade que se tinha perdido. O giestal é uma consequência dos incêndios e do abandono da paisagem. Têm o seu papel na protecção e recuperação dos solos. Mas, só por si, não é suficiente. A herbivoria com os cavalos em regime semi-selvagem, conjugado com outras espécies, como o corço, o veado e a cabra-montês, permite diversificar o tipo de pastoreio e tornar a paisagem mais biodiversa, favorecendo a recuperação dos bosques mas mantendo clareiras e prados que pululam com insectos polinizadores. 

Nos percursos interpretados que realizamos ao Ermo das Águias, mostramos e explicamos o desenvolvimento destas acções de gestão da paisagem natural, onde se favorece a regeneração natural. Conseguimos visualizar a alteração da paisagem e o aumento da biodiversidade. Nestes últimos anos, temos conhecido, em particular, o elenco botânico que aqui existe e que se vai tornando mais diversificado e rico em espécies de grande interesse. Destacam-se várias  plantas cuja distribuição está restrita à Península Ibérica. Algumas, mesmo em Portugal, apresentam uma ocorrência muito reduzida ou localizada. Mas abaixo, apresentamos uma galeria com imagens das espécies que se enquadram neste grupo e que se podem observar nesta área rewilding. 


Para saber mais sobre o Ermo das Águias e a entidade gestora, a Rewilding Portugal, não deixe de consultar o website: https://rewilding-portugal.com/pt/oeste-iberico/ermo-das-aguias/

Apesar da área poder ser visitada de forma autónoma, não deixe de nos contactar para uma visita guiada, beneficiando garantidamente de um enquadramento mais abrangente e aprofundado desta paisagem natural: https://www.wildlifeportugal.pt/percursos/ermo-das-aguias/

Clique nas imagens para ampliar. Passe o cursor por cima de cada uma para visualizar o nome da espécie fotografada.