Partilhamos abaixo a nossa resposta ao Registo de Danos | Incêndios 2025, promovido pela Turismo Centro de Portugal:

 

Boa tarde

Agradeço o email e a preocupação sincera da Turismo Centro de Portugal pela questão dos incêndios florestais como factor prejudicial da actividade turística.

Vou-me escusar de responder ao vosso formulário pois, como empresa de agência de viagens e animação turística, não possuo quaisquer bens materiais que tenham sido afectados pelos recentes incêndios florestais. Felizmente.

No entanto, vejo-me afectado por algo que se calhar não é mensurável ou considerado, que são as reservas que se deixam de realizar pela consequência directa dos incêndios.

O negócio da Wildlife Portugal é promover o património natural do interior do país, que, mais uma vez se vê afectado. Ardem as áreas protegidas, as paisagens naturais e rurais que foram subsistindo e que são a identidade dos territórios de interior.

Durante pelo menos um ano, as paisagens ficarão desprovidas do seu valor comercial turístico, para quem procura este tipo de experiência. Sem contabilizar a perda de biodiversidade.

Preocupa-me a regularidade e a exponencial gravidade dos incêndios florestais que afectam a nossa região.

Esta situação não é alheia ao público estrangeiro, que procura Portugal para terem experiências autênticas e enriquecedoras – como as que nós e todos os colegas e parceiros desta actividade conseguem oferecer a quem nos visita.

Temo que Portugal perca o seu encanto como destino turístico de eleição e se torne um país de risco.

 

Não entendam esta minha resposta como uma crítica ao trabalho desenvolvido pela Turismo Centro de Portugal. Muito pelo contrário. É um desabafo. São já 30 anos de presenciar a evolução desta degradação do nosso património, do qual dependemos.

É também uma oportunidade para lançar um apelo e proposta à Turismo Centro de Portugal para juntar as várias entidades que promovem ou gerem o território, e tentar, efectivamente e na prática, pressionar o governo a fazer algo para inverter esta situação.

As medidas de compensação podem atenuar temporariamente o impacto dos danos causados pelos incêndios florestais, mas não vão transmitir a confiança necessária aos turistas para continuarem a visitar o interior do país.

 

Obrigado pela atenção.

Melhores cumprimentos,

Fernando Romão